sábado, 25 de fevereiro de 2012

Oficina gratuita de História em Quadrinhos.







































Estão abertas as inscrições para seleção de vagas excedentes na oficina de Histórias em Quadrinhos oferecida pelo Instituto Garatuja. Essa oficina é continuidade do trabalho desenvolvido em 2010 e 2011, com estudantes de escolas públicas dentro do projeto Garatujas e Cambalhotas – Registro e Documentação da Arte na Infância, premiado como Ponto de Cultura do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo em parceria com o programa Mais Cultura Ministério da Cultura. O Projeto realiza a sistematização do trabalho desenvolvido pelo Instituto desde seu inicio em 1983. Os participantes desse projeto já passaram por oficinas de técnicas mistas, marcenaria, fotografia, gravura. Para esse ano, além de HQ, está previsto animação, desenho animado e vídeo. As vagas oferecidas são para completar desistências ocorridas na virada do ano, priorizando jovens que realmente gostem de desenhar e que se dediquem ao curso. As oficinas são gratuitas e voltadas a estudantes de escolas públicas maiores de oito anos. O programa irá abordar roteiro, desenvolvimento de personagens e arte final. O Ponto de Cultura é uma iniciativa do Governo Federal e Secretaria de Estado da Cultura de SP e tem como objetivo potencializar iniciativas e projetos culturais desenvolvidos por comunidades, grupos, espaços e redes de colaboração, através de convênios estabelecidos com entes federativos através de edital público. Para participar os interessados deverão comparecer ao Garatuja e preencher a ficha de inscrição, portando comprovante de endereço, declaração da escola onde estuda, CPF e RG do responsável e desenhos realizados.

O Instituto Garatuja fica na Rua Esmeraldo Tarquínio,346 – Jardim Tapajós – Atibaia SP. Atendimento de segunda a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Fone 4412 9964

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Udigrudi 1

Balão e Boca

Nos finais dos anos setenta eu morava em São Paulo e uma de minhas manias era entrar em sebos e livrarias atrás de curiosidades. Coisas que me chamassem atenção e que pudesse comprar com meus parcos recursos. Na época não trabalhava, e a grana que meu pai me dava era somente para pagar os estudos. Economizava ao máximo e quando sobrava algum torrava no meu sonho de consumo: gibis. Próximo a Avenida Paulista havia uma pequena livraria na Avenida Consolação. Nela o dono montou um cantinho só com publicações independentes que incluíam além dos gibis, livros e objetos. Acho que tinha muita porcaria, mas no meio acabei comprando coisas muito legais e que hoje são raridades, como as revistas Balão e Boca. Balão foi à primeira revista underground de história em quadrinhos editada no Brasil. O termo virou udugrudi e depois dela muitas outras vieram. Essas duas revistas, e algumas outras publicações marginais do acervo do Garatuja, têm em comum sua origem nos meios estudantis e uma visível tensão política própria da época. Acho muito bacana, principalmente por que eram feitas por jovens, moçada mesmo, que buscavam seus espaços de expressão. Muitos deles estão no meio artístico até hoje como Paulo Caruso, Laerte, e Luis Gê do Balão e Flávio Del Carlo e Dagomir Marquezi do Boca. Alias gostava muito do trabalho deles. Tenho até hoje o livro Auika! de Dagomir Marquezi e me lembro das animações Paulicéia e Tzubra-Tzuma de Flávio Del Carlo que assisti muitas vezes, na época em que ajudava na projeção no Cineclube Inter-Ação de Atibaia, na década de oitenta. A revista Balão número 9, a única do acervo e a ultima a ser publicada, traz a história do Capitão Bandeira, com texto de Rafik e desenhos de Paulo Caruso, que mais tarde ganhou uma edição luxuosa da L&PM, em 1983, além das histórias Roupas de Laerte, A Biografia Autorizada de Hedibiombo do Beabá de Xalberto e a ótima Ano Santo – ano da mulher, de Luis Gê, que também foi republicada em Quadrinhos em Fúria, do mesmo autor pela Circo editorial em 1984. Na Boca, além dos colaboradores já citados, havia Lu Gomes, Laert Sarrhumor do Língua de Trapo e Nando Reis dos Titãs, que na época tinha 14 anos. Entre cartons, histórias em quadrinhos, textos e fotonovelas (O Grotão), o Boca trouxe ainda hqs de Angola, Cuba e uma entrevista com o cartunista argentino Fontanarrosa, falecido em 2007.  

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Tamanho e formato das HQs




















Organizando a eterna bagunça, no canto dos gibis, notei a variedade de tamanhos existente entre eles, principalmente em relação às revistas mais antigas. Tem desde os chamados formatões, de 37 X 28 cm, até os minúsculos talão de cheque, de 8 X 16 cm. Se por um lado o computador (leia-se internet) trouxe pra dentro da nossa casa quase todas as imagens produzidas na banda desenhada, por outro, nos tirou um dos grandes prazeres que, imagino, seja de todo leitor: folhear um gibi. Não sei dizer se isso é coisa de gente velha ou se realmente é diferente. Ao abrir um gibizão e folhear suas páginas é como se o desenho ganhasse importância. Existe uma responsabilidade maior nesse ato que o torna diferente de vê-lo passando na tela do computador. Talvez essa “encanação” esteja ligada a minha área de atuação. Sou artista gráfico, artista plástico e há quase trinta anos trabalho com o ensino das artes com jovens e crianças, e considero quase obrigatório ter a materialidade do gibi como ferramenta de trabalho. Ao folhear um gibi encontro maior número de estímulos, inexistentes na fria tela de um computador: a textura do papel, o peso da revista, o cheiro, a visão total da diagramação e ...o tamanho. O formatão dá importância ao desenho. O formato comprido (tentativa da Ebal em inovar em algumas publicações da década de sessenta) é muito instigante e proporciona uma leitura eficiente, já o gizibinho "talão de cheque", assim como os "tijolinhos", são lúdicos, tem um encantamento quase infantil. É interessante notar como a relação de tamanho e formato era melhor explorado nas publicações antigas, talvez por ser uma linguagem ainda em processo...não sei. Entre o prazer de ter em mãos um gibi com “corpo e alma” e a imagem pasteurizada e asséptica do computador, fico com os dois. De um lado toda carga histórica presente em cada gibi que abro e folheio e de outro a possibilidade de conhecer, num click, quase toda história em quadrinhos produzidos no mundo. Imagino que em vinte anos tudo o que o homem produziu estará (ao menos citado) na internet. Gibi e computador: um complementa o outro...e na dúvida fico com os dois.